Martin Setiantoko frequentou a escola de culinária em Malang, na Indonésia, e sonhou em abrir seu próprio restaurante. Quando se mudou para Nova York, aos 24 anos, com apenas US$ 150 no bolso, o seu sonho parecia distante. Mas ele reservou parte de seu salário como lavador de louça todos os meses por quase cinco anos até ter o suficiente para abrir um restaurante no estado de Virgínia.

Martin Setiantoko (Foto cortesia)

Foi um período difícil. Setiantoko disse que durante os primeiros seis meses ele estava sem dinheiro e seu corpo doía de trabalhar tanto. Levou três anos para começar a lucrar.

Com seus lucros, ele expandiu seu negócio, mas em vez de abrir outro restaurante, ele comprou dois caminhões (também conhecidos como food trucks), dos quais ele vende comida na calçada na hora do almoço em Washington. Essa decisão realmente valeu a pena: a maioria de sua renda advém agora de seus caminhões.

Setiantoko também tomou uma decisão de marketing inteligente. Em vez de estacionar seus caminhões e esperar pelos clientes para experimentar a comida que ele preparou dentro do caminhão, ele levou sua cozinha para fora. Preparou o seu melhor prato, saté — prato popular do Sudeste Asiático de carne grelhada servida com um molho — ao ar livre para motivar as pessoas com seu aroma. Era quase toda a publicidade de que precisava. “Essa é a beleza dos caminhões de alimentos”, disse ele. “Você não tem que fazer marketing.”

Hoje, Setiantoko ainda tem desafios, que ele define como espaço e tempo. Ele gerencia seu restaurante e caminhões a partir de uma cozinha e divide seu tempo entre os três locais. Ter o próprio negócio é estressante, disse ele, mas vale a pena “ver uma longa fila de pessoas esperando para provar minha comida”.

Ingredientes empresariais

Quando a funcionária do Facebook Krysia Zajonc deixou a gigante de mídias sociais há alguns anos, ela queria trabalhar no ramo de alimentos. Em 2012, foi cofundadora da Local Food Lab, incubadora de start-ups ligada à alimentação que construiu uma rede de 2.500 empresários de 60 países. Em sua maioria, são proprietários de restaurantes ou produtores de alimentos.

Krysia Zajonc, cofundadora da Local Food Lab (Foto cortesia)

Recentemente nomeada para a turma de 2015 da revista Forbes30 com menos de 30: Empreendedores Sociais” (artigo em inglês), Krysia Zajonc compartilha seus conselhos com os leitores do ShareAmerica. (Leia também artigo em português sobre o tema.)

Sua empresa de alimentos deve…

se certificar de que há uma necessidade de seus produtos. Parece óbvio, mas isso é muitas vezes esquecido. Pergunte a si mesmo: “Será que as pessoas querem o que eu estou vendendo? Ou eu estou apenas tentando vendê-lo, por valorizar muito meu produto?” Então, muitas vezes, as pessoas têm uma receita de família que amam, e saem correndo para vendê-la antes de se certificar de que é algo que o mercado vai gostar.

Não cometa o erro de…

pensar que você vai ficar rico neste setor. Alimentação é um negócio de pequena margem. Assim como o Setiantoko adora ver uma longa fila de pessoas esperando para provar a sua comida, você será recompensado por gostar de alimentar as pessoas e trabalhar com sabores. Não entre neste ramo com o objetivo de ficar bilionário. Essa é uma atitude ruim.

Uma forma sem risco para testar seu produto é…

sediar um evento público, mesmo no restaurante de outra pessoa. Martin Setiantoko foi inteligente ao levar sua culinária para fora de seu caminhão. Eu tenho visto pessoas pedirem emprestado um caminhão de outra empresa e recriar sua marca por um dia com seu cardápio. É muito útil para fazer um evento e testar um cardápio para saber as respostas das pessoas. Se a comida é popular, você começa a construir um grupo de seguidores.

Caminhão de alimentos de Setiantoko obém feedback imediato dos clientes (D.A. Peterson)

Se você não estiver conectado a uma rede, alimente os amigos de seus amigos (que são estranhos para você o suficiente para dar opiniões honestas). Os comentários deles podem inspirá-lo. Diretores de marketing de empresas gigantes dizem que se eles tivessem um orçamento de milhões de dólares, eles iriam gastar 80% em eventos de amostragem.

Seu melhor amigo financeiro é…

o crowdfunding, ou financiamento coletivo via web. Aprenda a gerir bem uma lista de e-mails no estágio inicial. Você pode usá-la posteriormente como base para obter crowdfunding. Existem cerca de 1.200 sites de crowdfunding ao redor do mundo.

Fazenda de grilos na Tailândia (© AP Images)

Proteja seu planeta, por exemplo…

a Exo, empresa que produz barras de proteína utilizando proteína da farinha de grilo, acha que o ingrediente é de baixo custo e ecológico. A Exo conseguiu penetração em um mercado lotado — há centenas de marcas de barras de proteína. As empresas de alimentos que modificam os ingredientes e sua fabricação para serem mais ecológicas estão ganhando seguidores leais.

Lembre-se sempre…

qualquer start-up é repleta de fracassos. Não há resultados perfeitos. À medida que você passa por altos e baixos, lembre-se por que você é apaixonado por comida. Essa é uma das coisas mais inteligentes que Martin Setiantoko fez.