Novas empresas de telecomunicações que utilizam a rede de quinta geração (5G) estão gerando maiores preocupações sobre como manter a segurança de segredos comerciais.
À medida que mais dispositivos e indivíduos se conectam às redes 5G, os fornecedores chineses de 5G, como a Huawei — e, através deles, o governo chinês — podem obter acesso sem precedentes a dados do mundo.
“Os países não devem permitir que o 5G seja mais um vetor para que a China adquira propriedade intelectual de nós”, disse Robert Strayer*, diplomata do Departamento de Estado dos EUA especializado em segurança cibernética, em maio.
Direitos de propriedade intelectual na China e nos EUA
Os Estados Unidos estabeleceram um dos sistemas de proteção à propriedade intelectual mais robustos do mundo, o que ajudou a aumentar a liderança dos EUA em inovação. A propriedade intelectual (PI) deve ser protegida. Caso contrário, milhões de dólares gastos em pesquisa e desenvolvimento são perdidos quando as ideias são roubadas e os concorrentes lançam o mesmo produto ou serviço no mercado.
Por outro lado, a economia estatal top-down (de cima para baixo) da China prejudica a distinção entre os setores público e privado. Por exemplo, durante mais de cinco anos, o governo chinês usou seu Ministério de Segurança do Estado para invadir os computadores de uma empresa aeroespacial francesa a fim de obter a tecnologia de motores turbofan, de acordo com acusações feitas pelos EUA.
Na época, uma empresa aeroespacial estatal chinesa estava trabalhando com o objetivo de desenvolver um motor semelhante para uso em aeronaves comerciais fabricadas na China e em outros lugares.
O que é propriedade intelectual?
O Fórum Mundial de Propriedade Intelectual define propriedade intelectual como “criações da mente, como invenções; obras literárias e artísticas; designs; e símbolos, nomes e imagens usados no comércio”.
Essas criações são protegidas por lei. Isso permite que os criadores se beneficiem de seu trabalho e usem suas ideias exclusivas para impulsionar os negócios, as artes e o design.
Custos do roubo de propriedade intelectual
Roubar segredos comerciais, subornar funcionários e invadir computadores estrangeiros — essas são apenas três maneiras das quais as empresas chinesas têm roubado invenções e propriedade intelectual estrangeiras em uma tentativa de se tornar a principal estrela mundial da tecnologia.
“A China tem uma longa história de roubo de propriedade intelectual visando beneficiar seus interesses comerciais, onde for capaz de obter acesso”, disse Strayer.
Em 2017, o representante de Comércio dos EUA descobriu que o roubo de propriedade intelectual americana por parte da China custa atualmente aos EUA entre US$ 225 bilhões e US$ 600 bilhões todos os anos.
Um exemplo de destaque ocorreu em 2018, quando uma empresa de turbinas eólicas com sede em Pequim foi considerada culpada nos EUA por roubar propriedade intelectual de uma empresa americana — ato que fez com que o valor da empresa com sede em Massachusetts caísse em mais de US$ 1 bilhão, com uma perda de quase 700 empregos, de acordo com as provas apresentadas durante o julgamento.
Infelizmente, o roubo de propriedade intelectual por parte da China não se limita a empresas americanas. A China se envolveu em “trilhões de dólares em roubo de propriedade intelectual” em todo o mundo, frequentemente invadindo computadores de empresas, de acordo com a Estratégia Cibernética Nacional dos EUA de 2018. Esses ataques sofisticados incluem o roubo de patentes de negócios, tecnologia, marcas comerciais e direitos autorais.
Por exemplo, a Huawei, a segunda maior fabricante de smartphones do mundo, roubou o braço de um robô que a subsidiária alemã T-Mobile inventou a fim de testar smartphones, disse o governo dos EUA em uma acusação de 2018. A Huawei planejava reproduzi-lo.
Da mesma forma, dois hackers do governo chinês foram acusados em 2018 de obter segredos comerciais de uma variedade de empresas dos setores aeroespacial, médico, de energia, de telecomunicações, além de outras empresas em Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Japão, Reino Unido, Suécia e Suíça.
Infelizmente, a resolução de roubos de propriedade intelectual pode durar anos. Por exemplo, foi apenas após 30 meses de litígio que uma empresa chinesa chamada XTAL foi considerada culpada em 2019 por roubar mais de 100 mil arquivos — incluindo códigos-fonte, estratégias de preços, software, algoritmos secretos e manuais do usuário — de uma empresa holandesa de tecnologia.
* site em inglês