Pintura de Martin Luther King em um mural (© Camilo Vergara)
Pintura mural de Martin Luther King no alto de um estacionamento de Los Angeles (© Camilo Vergara)

“Eu quero somente as mais espontâneas”, disse Camilo Vergara, referindo-se às suas fotos de arte de rua que retratam Martin Luther King, “as que vieram bem de dentro da alma”.

Vergara é um sociólogo e fotógrafo chileno-americano que documenta a cultura urbana americana desde os anos 1970. Dentre seus arquivos estão pinturas murais de King pintadas à mão. Ele tenta evitar “as que têm a participação de gente demais na obra”.

Estátuas de King encomendadas por governos locais e criadas por escultores bem-conhecidos — incluindo um memorial na esplanada National Mall em Washington — enfeitam cidades em todos os Estados Unidos. Mas Vergara documenta um tipo diferente de tributo a King: essas pinturas murais foram pintadas por amadores em muros de tijolos de pequenos armazéns, igrejas e prédios abandonados.

Por décadas, disse ele, líderes locais e nacionais surgiram e se foram como temas populares para as pinturas murais urbanas. Mas algo é diferente sobre o mais proeminente líder dos direitos civis dos EUA: “Martin Luther King tem um poder de permanência”, afirmou.

Pintura mural com Martin Luther King e outras personalidades históricas afro-americanas (© Camilo Vergara)
Primeiro prefeito afro-americano de Chicago, Harold Washington, rouba a posição de destaque de King nesta pintura mural, que Vergara chamou de “um panteão de importantes personalidades históricas negras”. Vergara disse: “Eu também vejo Michael Jackson, Ray Charles e Prince.” (© Camilo Vergara)

Artistas de pinturas murais frequentemente trabalham com fotografias icônicas de King, segundo Vergara. “Mas eles se sentem livres para adaptá-las”, mudando o contexto em que King aparece para adequá-las aos diversos bairros.

“As pessoas veem um tipo de experiência americana primordial se desenrolando nos muros desses bairros pobres. E isso é verdade”, disse Vergara. “Mas há também um outro lado, que é um lado prático. Muitas dessas imagens estão lá porque [os residentes] estão tentando pôr fim à arte do grafite.”

Mesmo artistas de grafite, disse ele, hesitam em deformar uma imagem de Martin Luther King.

Pintura mural retratando Martin Luther King; pedestre aprecia a arte enquanto passa na frente caminhando (© Camilo Vergara)
Em uma pintura mural de Los Angeles, King figura entre símbolos dos EUA (a águia e a bandeira) e símbolos do México (a Virgem de Guadalupe e a Basílica da Virgem de Guadalupe) (© Camilo Vergara)