
“Eu quero somente as mais espontâneas”, disse Camilo Vergara, referindo-se às suas fotos de arte de rua que retratam Martin Luther King, “as que vieram bem de dentro da alma”.
Vergara é um sociólogo e fotógrafo chileno-americano que documenta a cultura urbana americana desde os anos 1970. Dentre seus arquivos estão pinturas murais de King pintadas à mão. Ele tenta evitar “as que têm a participação de gente demais na obra”.
Estátuas de King encomendadas por governos locais e criadas por escultores bem-conhecidos — incluindo um memorial na esplanada National Mall em Washington — enfeitam cidades em todos os Estados Unidos. Mas Vergara documenta um tipo diferente de tributo a King: essas pinturas murais foram pintadas por amadores em muros de tijolos de pequenos armazéns, igrejas e prédios abandonados.
Por décadas, disse ele, líderes locais e nacionais surgiram e se foram como temas populares para as pinturas murais urbanas. Mas algo é diferente sobre o mais proeminente líder dos direitos civis dos EUA: “Martin Luther King tem um poder de permanência”, afirmou.

Artistas de pinturas murais frequentemente trabalham com fotografias icônicas de King, segundo Vergara. “Mas eles se sentem livres para adaptá-las”, mudando o contexto em que King aparece para adequá-las aos diversos bairros.
“As pessoas veem um tipo de experiência americana primordial se desenrolando nos muros desses bairros pobres. E isso é verdade”, disse Vergara. “Mas há também um outro lado, que é um lado prático. Muitas dessas imagens estão lá porque [os residentes] estão tentando pôr fim à arte do grafite.”
Mesmo artistas de grafite, disse ele, hesitam em deformar uma imagem de Martin Luther King.
