Tillerson pede que Birmânia investigue atrocidades e repatrie os refugiados rohingyas

O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, exortou os líderes militares e civis da Birmânia a permitir uma investigação independente de denúncias críveis de atrocidades em massa contra refugiados rohingyas por parte de forças de segurança e justiceiros do país.

Em uma coletiva de imprensa com a conselheira estadual Aung San Suu Kyi, Tillerson reafirmou um forte apoio dos EUA para a transição à democracia na Birmânia. O secretário de Estado fez os comentários durante uma visita ao país, que é também conhecido como Mianmar. Ele também se reuniu com o comandante militar sênior durante sua visita.

Mais de 600 mil rohingyas, minoria muçulmana, fugiram do estado de Rakhine para Bangladesh, país vizinho, uma vez que os militares birmaneses fecharam o cerco em agosto depois que militantes de Rohingya atacaram postos policiais. Centenas de aldeias foram queimadas, e refugiados — principalmente mulheres e crianças — deixaram o país.

“A crise no estado de Rakhine é um dos maiores desafios que Mianmar enfrentou desde que o governo eleito tomou posse no ano passado. Estamos profundamente preocupados com denúncias críveis de atrocidades generalizadas”, disse Tillerson.

“O escândalo humanitário desta crise é surpreendente”, disse ele. Ele anunciou que os Estados Unidos forneceriam US$ 47 milhões adicionais* em assistência, elevando o total para US$ 87 milhões desde o início do êxodo.

“A resposta de Mianmar a esta crise é fundamental para determinar o sucesso de sua transição para uma sociedade mais democrática”, disse Tillerson. O governo e as forças de segurança devem proteger todos dentro de suas fronteiras e “responsabilizar aqueles que não conseguem fazê-lo”.

Refugiados caminham ao lado de um rio carregando seus pertences (© AP Images)
Os recém-chegados refugiados rohingyas caminham em direção a um campo em Teknaf, Bangladesh, no final de setembro, depois que as forças de segurança birmanesas os expulsaram de suas casas no estado de Rakhine, na Birmânia. Cerca de 600 mil pessoas fugiram da Birmânia (© AP Images)

Os Estados Unidos enaltecem o compromisso do governo birmanês de permitir que os refugiados retornem voluntariamente e criem uma paz duradoura no estado de Rakhine, inclusive apoiando o desenvolvimento econômico e fornecendo um caminho para a cidadania, disse Tillerson.

Embora os rohingyas tenham vivido na Birmânia há gerações, o governo os considera imigrantes ilegais.

Tillerson disse que as denúncias de atrocidades contra os rohingyas “exigem uma investigação crível e imparcial, e aqueles que cometem abusos ou violações de direitos humanos devem ser responsabilizados”. Ele também lamentou os ataques dos militantes rohingya contra as forças de segurança.

Em sua coletiva de imprensa conjunta na capital, Naypyidaw, Aung San declarou: “Nós concordamos que é muito importante trazer paz e estabilidade a este país, e isso só pode ser realizado com base no Estado de Direito.”

“Espero que vocês reconheçam que os desafios existentes são realmente muito importantes e multifacetados. Não é um problema unidimensional do estado de Rakhine”, disse Aung San, vencedora do Prêmio Nobel da Paz, que foi mantida em prisão domiciliar por vários anos durante o domínio militar.

Tillerson disse que viajou para a Birmânia a fim de escutar e agora possui “uma apreciação muito maior pelas complexidades da crise com a qual a Mianmar está lidando”.