Um dia, seu carro pode estar funcionando com energia produzida por gramíneas ou árvores.
Quatro centros de pesquisa dos EUA estão estudando essa possibilidade como parte de uma iniciativa do Departamento de Energia. Os centros estão desenvolvendo tecnologias que podem transformar certas plantas — como switchgrass (gramínea nativa da América do Norte cujo nome científico é Panicum virgatum), choupo-branco ou sorgo — em biocombustíveis. A pesquisa poderá contribuir para a segurança energética e a segurança alimentar, não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo.
As plantas podem crescer em terrenos marginais. E, como não são plantações de alimentos, transformá-las em biocombustível não prejudicará o abastecimento de alimentos.
“A revolução da biologia moderna abriu vastas novas oportunidades para a indústria de energia desenvolver e utilizar produtos derivados de biomassa como um recurso sustentável”, afirma Rick Perry, secretário de Energia dos EUA*.

A próxima grande descoberta
Uma tecnologia promissora simplifica o processo de refinação de biocombustíveis, utilizando líquidos que decompõem a biomassa de maneira eficiente e a convertem em produtos energéticos utilizáveis, eliminando etapas múltiplas e dispendiosas. Em apenas uma etapa, o melhor recurso vegetal é combinado com enzimas ou produtos químicos líquidos adequados.
“Nós os chamamos de tecnologias de uma única fonte”, diz Blake Simmons, diretor-chefe de Ciência e Tecnologia do Instituto Conjunto de Bioenergia* (JBEI, na sigla em inglês), centro de pesquisa em parceria com o Laboratório Nacional Lawrence Berkeley.
“Acredito que é a próxima grande descoberta”, diz Simmons, elogiando a tecnologia de baixo custo e simplicidade. “Basicamente, você caminha até um tanque, coloca uma árvore como o choupo-branco, fica fora uma semana e, ao retornar, enche o tanque de seu carro.”

A tecnologia pode ser desenvolvida em larga escala?
Converter o carbono advindo de plantas em biocombustíveis e outros bioprodutos é o primeiro objetivo. O próximo será levar a tecnologia para ser comercializada. “Estamos tentando abrir as comportas para a conversão de carbono (…) e, em seguida, transferir isso para [que se torne] um benefício econômico”, diz Simmons.
Os cientistas do JBEI mostraram que a conversão de carbono a partir da biomassa pode ser feita em 50 litros de escala de operação. Os pesquisadores precisam demonstrar que o processo pode funcionar em um nível comercial, o que envolveria centenas de milhares de litros.
Se conseguirem fazer isso — e também se mostrarem que é possível reutilizar e reciclar os componentes primários — a tecnologia contribuirá para mudar o jogo.
O JBEI tem um histórico de desenvolvimento de inovações que atraem investidores. O instituto recebe ajuda do programa Cleantech to Market* (Da Tecnologia Limpa ao Mercado, em tradução livre), da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que avalia a viabilidade comercial dos produtos.

Três outros centros de pesquisa em bioenergia estão trabalhando para criar biocombustíveis e bioprodutos a partir da biomassa e disponibilizar os produtos comercialmente:
- O Centro de Pesquisa de Bioenergia dos Grandes Lagos*, liderado pela Universidade de Wisconsin-Madison e pela Universidade Estadual de Michigan.
- O Centro de Inovação em Bioenergia, liderado pelo Laboratório Nacional Oak Ridge*.
- O Centro de Inovação Avançada em Bioenergia e Bioprodutos (CABBI), liderado pela Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, que é o centro mais novo.
Todos os quatro centros colaboram com universidades e laboratórios em todo o país. O sucesso abrirá novos caminhos para que haja empregos no setor de energia — juntamente com o acesso a soluções inovadoras relacionadas à energia.
* site em inglês