“De onde você é?” A pergunta, aparentemente simples, é tudo menos clara nos Estados Unidos. Pode se referir a uma pergunta sobre onde você nasceu, onde você cresceu, onde você mora agora ou onde os seus antepassados viveram. E em um país construído por imigrantes, a resposta a essa pergunta acaba sendo difícil.
Em 2000, o Bureau do Censo dos EUA começou a coletar um novo tipo de dado: respostas matizadas sobre a composição racial. Antes, as pessoas miscigenadas tinham de escolher qual aspecto de sua identidade racial elas iriam reconhecer no formulário. Negro? Branco? Asiático?
Pela primeira vez desde que o censo começou em 1790, quem responde poderá marcar mais de uma opção. Quase 7 milhões de pessoas o fizeram, e uma década mais tarde, a categoria multirracial estava dentre as que mais cresceram no censo. “Essas comparações demonstram um crescimento substancial na população multirracial, proporcionando uma visão detalhada de como essa população tem crescido e se diversificado durante a última década”, afirmou Nicholas Jones, diretor do Programa de Ação Social e Pesquisa Étnico-Racial do Bureau do Censo dos EUA.

Pense de maneira diferente
Em 2001, Mike Tauber e sua esposa, Pamela Singh, que é descendente de indianos e africanos, começaram a olhar atentamente para os dados coletados pelo censo. Ficaram interessados nos “pontos críticos”, ou seja, áreas com altas concentrações de americanos miscigenados. Nos anos seguintes, eles viajaram de Nova York para Los Angeles, Seattle e outras cidades, e se encontraram com americanos que poderiam marcar mais do que uma opção para raça.
Uma pergunta os guiava à medida que entrevistavam e fotografavam os americanos multirraciais: qual é a sensação de olhar para si mesmo de uma maneira e ser visto pela sociedade de outra maneira? As perguntas foram capturadas em palavras e fotografias no livro Blended Nation (País Misturado, em tradução livre).
“Quando as pessoas me definem como asiática, isso realmente me irrita porque isso (…) desconsidera a outra metade do meu DNA”, afirmou no livro Maya Hatch, que é metade japonesa e metade branca (alemã, inglesa e escocesa).
“É realmente muito difícil ser você mesma quando todas as pessoas questionam quem a essência daquela pessoa é”, disse Shira Howerton, que é negra, russa e ameríndia.
Algumas pessoas não conseguiram chegar ao âmago do que sentiam, e Tauber esperou por anos para receber suas respostas. Ao olhar para trás, declarou Tauber, “à medida que as pessoas envelhecem, elas acabam assumindo isso. Elas compreenderam que podiam habitar os dois mundos”.

Aceitando a diversidade nos dias de hoje
À medida que os EUA crescem e se tornam mais diversos, a maneira pela qual os americanos percebem uns aos outros está se alterando. A revista de beleza Allure conduziu um “censo de beleza” em 2011, entrevistando 2 mil homens e mulheres de todo o país. Descobriu que 69% das pessoas acreditam que não existe essa coisa chamada de “aparência completamente americana”. A revista também descobriu que 64% consideravam mulheres miscigenadas como o epítome da beleza.
“Eu estava animada para fazer parte do estudo”, afirmou Alison Caporimo, à época assistente editorial na revista. “Uma das coisas especiais sobre os Estados Unidos é a sua diversidade e a ideia de que realmente não existe uma aparência americana. Os Estados Unidos são todas as pessoas.”
O aumento do número de celebridades multirraciais também é revelador. O Centro de Pesquisa Pew afirma que estrelas — como Selena Gomez, cujo pai é mexicano e a mãe é ítalo-americana, e Bruno Mars, cujo pai é porto-riquenho e a mãe, filipina — refletem uma mudança na demografia dos EUA.

As tendências continuam
A globalização, a imigração e a facilidade de viajar nos dias de hoje atraem pessoas do mundo todo para os EUA, assim como acontece com outros países. Mas hoje em dia, mais americanos do que antes estão escolhendo construir o futuro com pessoas de raças diferentes.
Oitenta e sete por cento dos americanos em 2013 aprovaram casamentos entre pessoas brancas e negras, comparado a 4% em 1958, de acordo com o instituto de pesquisa Gallup. O censo também revelou que um em cada 10 casamentos — mais de 5 milhões — são entre pessoas de raças ou etnias diferentes, o que representa um aumento de 28% desde 2000.
Como será o mundo para os seus filhos?
Você valoriza a diversidade? Saiba sobre o Visto de Diversidade e se envolva em oportunidades de pesquisa através do Departamento de Estado dos EUA. Confira um blog sobre raça administrado por Swirl, uma comunidade empenhada em promover o diálogo intercultural.