DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA
Escritório do Porta-Voz
20 de julho de 2015

(trecho) Coletiva de imprensa do secretário de Estado, John Kerry, com o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez

Salão Ben Franklin
Washington, DC

SECRETÁRIO KERRY: Boa tarde a todos. É com muita satisfação nesta tarde que dou as boas-vindas ao meu colega Bruno Rodriguez, ministro das Relações Exteriores de Cuba, ao Departamento de Estado. E peço desculpas por estarmos um pouco atrasados, pois estávamos no piso térreo – tínhamos muito sobre o que conversar, não apenas sobre as relações entre os EUA e Cuba, mas também sobre a região – e acho que tivemos uma conversa muito construtiva. Esta é a primeira visita de um ministro das Relações Exteriores de Cuba ao Departamento de Estado desde 1958, e hoje também marca a retomada dos laços diplomáticos normais entre nossos países e a reabertura de nossas embaixadas depois de uma ruptura que durou 54 anos.

Portanto, é um dia histórico; um dia para eliminar os obstáculos.

(Em espanhol) Os Estados Unidos saúdam este novo começo em sua relação com o povo e o governo de Cuba. Estamos determinados a viver como bons vizinhos com base no respeito mútuo e queremos que todos os nossos cidadãos – nos Estados Unidos e em Cuba – olhem adiante para o futuro com esperança. Portanto, comemoramos este dia em 20 de julho porque hoje começamos a reparar o que foi danificado e a abrir o que foi fechado por muitos anos.

Este marco não significa um fim às diferenças que ainda separam nossos governos, mas certamente reflete a realidade de que a Guerra Fria terminou há muito tempo, e que os interesses dos dois países são mais bem-servidos por envolvimento em vez de isolamento, e que iniciamos um processo de plena normalização que certamente levará tempo, mas que também beneficiará as pessoas tanto em Cuba como nos Estados Unidos.

Esta determinação compartilhada de olhar para o futuro é o que impulsionou nossa conversa hoje e o que nos trouxe até este momento. O ministro das Relações Exteriores e eu abordamos uma ampla gama de questões de interesse mútuo, incluindo: cooperação em matéria de aplicação da lei, combate ao narcotráfico, telecomunicações, internet, questões ambientais, direitos humanos, inclusive o tráfico de pessoas. E, obviamente, também discutimos a abertura de nossas embaixadas.

Queremos nos certificar de que nossas embaixadas são capazes de funcionar plenamente, e estou confiante de que diplomatas dos dois países terão a liberdade de viajar e de conversar com cidadãos de todas as origens. A fim de ajudar a liderar esse esforço, sinto-me encorajado de que temos uma equipe diplomática de primeira em Cuba, liderada por nosso encarregado [de Negócios], o embaixador Jeff De Laurentis, que é um dos nossos melhores e mais experientes funcionários públicos. E parabenizo o ministro das Relações Exteriores Rodriguez por sua – abertura nesta manhã da Embaixada de Cuba aqui em Washington. Estou ansioso por fazer a minha primeira viagem como secretário de Estado a Cuba em 14 de agosto, e para realizar uma cerimônia comparável em nossa embaixada em Havana.

Antes de encerrar, gostaria de agradecer aos nossos colegas da Suíça pelo papel vital que exerceram por tantos anos como a potência protetora por um período de tempo que já foi provado ter sido muito maior do que o previsto.

Agradeço nossos amigos de todo o Continente Americano que nos instaram – em alguns casos, há décadas – a restaurar nossos laços diplomáticos e que acolheram calorosamente nossa decisão de fazê-lo”, declarou ele.

E sou grato à notável liderança da secretária adjunta Roberta Jacobson e pelos esforços dos vários representantes dos EUA e de Cuba cujo trabalho árduo tornou este dia possível.

E quero reconhecer o compromisso de todos que se preocupam com as relações entre os EUA e Cuba, quer concordem com a decisão de normalizá-las ou não. A mudança raramente é fácil, especialmente quando posições anteriores eram tão arraigadas e sentidas tão profundamente. Mas embora possamos e devemos aprender com o passado, nada é mais fútil do que tentar viver no passado. O presidente Obama acredita – e eu também – que nossos cidadãos se beneficiam muito mais das políticas que têm como objetivo moldar um futuro melhor.

Não há, afinal, nada a ser perdido – e há muitos ganhos a serem obtidos – ao incentivar viagens entre nossos países, o fluxo livre de informação e ideias, a retomada do comércio e a eliminação dos obstáculos que dificultavam visitas das famílias a entes queridos.

Não se enganem, o processo de normalizar plenamente as relações entre os Estados Unidos e Cuba continuará. Pode ser longo e complexo. Mas ao longo dessa trajetória, nós certamente nos depararemos com uma barreira aqui e outra ali e momentos até de frustração. Será necessário ter paciência. Mas isso é uma razão ainda maior para dar início agora a esta jornada, esta jornada há muito esperada.

Hoje, com a abertura de nossas embaixadas e a visita do ministro das Relações Exteriores, damos um passo histórico e há muito esperado na direção certa. Para continuarmos a seguir adiante, ambos os governos devem proceder com um espírito de abertura e respeito mútuo.

Eu posso assegurar ao mundo, inclusive ao povo de Cuba, que os Estados Unidos vão fazer a sua parte.

(Em espanhol) Eu posso assegurar ao mundo, inclusive ao povo de Cuba, que os Estados Unidos vão fazer a sua parte.

E agora, é meu prazer passar a palavra ao nosso convidado, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez.