Um super-herói decola novamente

É uma pássaro! É um avião! É… o novo Super-Homem chinês!

Embora a DC Comics tenha descontinuado o Super-Homem há alguns anos, a empresa pediu a Gene Luen Yang, escritor californiano de quadrinhos e romances gráficos, para transferir seus poderes a um adolescente de Xangai chamado Kenan Kong.

Close de Gene Luen Yang (© Albert Law)
Gene Luen Yang (© Albert Law)

O Novo Super-Homem #1*, o primeiro volume da nova série da DC Comics, introduz Kong como um estudante do ensino médio… e um valentão.

“Os leitores modernos não se lembram disso”, disse Yang, “mas Clark Kent [o alter ego do Super-Homem original] começou como um cara meio babaca… arrogante e condescendente”.

“Levou anos para que o Super-Homem se desenvolvesse no padrão moral que todos conhecemos e adoramos hoje”, disse Yang.

Para a personalidade de Kenan Kong, Yang também se inspirou em um personagem de Jornada ao Oeste, clássico chinês do século 16. O Rei Macaco inicialmente é arrogante, mas volta de uma jornada espiritual mais sábio e mais compreensivo. “O mesmo se dará com Kenan Kong”, diz Yang.

Reiniciando um ícone

O trabalho mais conhecido de Yang— um romance gráfico O Chinês Americano, finalista do Prêmio Livro Nacional de 2006 — explora as complexidades da identidade sino-americana. Portanto, Yang é a pessoa certa para escrever uma história em quadrinhos para os leitores de hoje, que esperam que haja mais diversidade entre os super-heróis, mesmo enquanto estão combatendo vilões.

O pedido da DC Comics para a criação de um personagem autenticamente asiático com linhagem de super-herói americano dá a Yang a oportunidade de explorar suas raízes.

“Não tenho experiência de viver na China; portanto, seria arrogante da minha parte dizer que estou apresentando essa história de uma perspectiva chinesa”, disse. No entanto, a experiência de escrever o ajudou a explorar suas origens e a se informar sobre a China moderna.

Clark Kent pode ter começado como um tolo, mas acabou encarnando ren, expressão de ideais confucionistas altruístas, segundo Yang.

Capa do Novo Super-Homem #2 mostra o Super-Homem chinês combatendo dois inimigos (Cortesia: DC Entertainment)
(Foto: Cortesia)

Sem dar muitos detalhes sobre as próximas aventuras do novo Super-Homem chinês, Yang revela que a fera mítica Xiangliu — serpente de nove cabeças — aparece no terceiro volume da série. E “há uma razão para o emblema no peito de Kenan ser um octógono”, disse. “É uma referência ao baguá [tema religioso chinês recorrente que representa oito áreas interligadas da vida de uma pessoa], que terá um papel na história conforme ela se desenrola.”

O Super-Homem — seja chinês ou americano — oferece uma mensagem atemporal: “Ele nos lembra que precisamos usar nossos dons, não importa se grandes ou pequenos, em prol dos outros. Quando nos é dado poder, é um chamado para servir”, disse Yang.

* site em inglês