Lonnie Bunch posa para a câmera com o paletó por cima do ombro (© AP Images)
Historiador Lonnie G. Bunch III (© AP Images)

Este artigo foi escrito para o ShareAmerica pelo historiador Lonnie G. Bunch III, diretor do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, com abertura prevista para 2016.

O movimento pelos direitos civis deu aos Estados Unidos alguns de seus momentos mais memoráveis — o mais importante deles foi a Marcha para Washington em 1963.

O que aconteceu naquele dia, na capital do país, teve um impacto significativo nos 50 anos seguintes. Anos depois, mulheres marchariam por direitos iguais, bem como gays, ambientalistas e grupos de apoio à igualdade de direitos para índios, idosos e pessoas com deficiência.

Considerado como um todo, o que o movimento pelos direitos civis deu às pessoas — a todas elas — foi o sentimento de que uma mudança profunda era possível.

Praticamente todos os movimentos que se seguiram incorporaram algum elemento do movimento pelos direitos civis para adaptar à sua causa.

O movimento pelos direitos civis revelou que a massa que ocupava as ruas buscava não apenas atrair a atenção da mídia, conquistar uma base moral e adquirir capacidade de liderança, como também inspirar as pessoas a acreditar que estavam participando de algo pessoalmente importante. As marchas pela Emenda sobre Igualdade de Direitos mostraram que paixão e teatralidade formavam uma boa combinação.

Também foi essencial haver um líder carismático. Cesar Chavez foi o porta-voz dos trabalhadores rurais insatisfeitos no final do século 20. Quando foi necessário um líder para o incipiente movimento pelos direitos dos homossexuais, Harvey Milk liderou multidões em São Francisco na década de 1970.

Homem sentado em carro em uma parada, enquanto as pessoas ao redor marcham pelo orgulho gay (© AP Images)
Harvey Milk (ao centro) lidera a parada anual pela liberdade dos gays em São Francisco em 1978 (© AP Images)

Ficou clara aos movimentos pelos direitos civis que surgiram em todo o mundo a necessidade de coalizões para exigir uma legislação. A Organização Nacional da Mulher foi fundada dessa forma.

Faz parte da história americana que legislação e decisões judiciais sejam necessárias para solidificar o trabalho feito em campo. Para os ativistas dos anos 1960, as conquistas vieram com a promulgação de diversos projetos de lei, a começar pela Lei de Direitos Civis de 1964.

O rompimento com os modelos antigos abriu caminho a cargos políticos. Então, as causas das ruas se tornaram peças centrais de plataformas políticas e agendas legislativas. Os princípios demonstrados pela legislação sobre os direitos civis estão incorporados na exitosa legislação do Título IX (que exige para as mulheres as mesmas oportunidades oferecidas aos homens em programas educacionais com subsídios federais) e nas atuais leis e perspectivas em rápida mudança sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

E as leis levaram a um novo ativismo. Atualmente, o movimento das mulheres alçou 104 delas ao atual Congresso dos EUA e fez 20 delas líderes mundiais. Era com esses resultados que todos sonhavam 50 anos atrás.