Uma inspiração para mulheres que lutam por seus direitos

Woman in helmet and breastplate in front of women and girls in Greek costume in front of neoclassical building (Library of Congress)Mulher usando capacete e escudo peitoral na frente de mulheres e meninas em trajes gregos e em frente a prédio neoclássico (Biblioteca do Congresso)
Um concurso tendo sufrágio como tema é realizado em frente ao Edifício do Tesouro dos EUA em Washington em 1913 (Biblioteca do Congresso)

Quase um século depois que mulheres americanas e britânicas conquistaram o direito ao voto, as sufragistas que conseguiram essas vitórias ainda servem de inspiração.

Nos últimos meses, mulheres no Irã, por exemplo, têm protestado abertamente contra as leis que as obrigam a usar o hijab, o lenço ou véu tradicional dos muçulmanos, em público. Vídeos e histórias retratando a violência contra essas manifestantes pela autoproclamada “polícia da moralidade” do Irã chocaram o povo iraniano e o mundo.

Foto na cor sépia de mulher em pé no portão da Casa Branca segurando um cartaz em 1917 (© American Photo Archive/Alamy)
Uma das Sentinelas Silenciosas na Casa Branca, em 1917 (© American Photo Archive/Alamy)

“O paralelo é que as mulheres aqui [nos Estados Unidos] e na Inglaterra tornaram público seus protestos e foram brutalizadas, presas e encarceradas”, assim como as mulheres no Irã, disse Mary Walton, autora do livro A Woman’s Crusade, sobre a luta das mulheres em favor do sufrágio nos EUA. Elas acabaram encarceradas e, imediatamente após a libertação, continuaram seus protestos, disse ela.

No século 20, governos ao redor do mundo negaram às mulheres o direito ao voto. Nos Estados Unidos, em 1917, Alice Paul e suas companheiras sufragistas deram continuidade ao trabalho de sufragistas pioneiras, como Susan B. Anthony e Elizabeth Cady Stanton, e adotaram a medida sem precedentes de fazer piquetes na Casa Branca. Elas se autodenominavam Sentinelas Silenciosas e montavam guarda segurando grandes cartazes com slogans em que se lia: “Sr. presidente, por quanto tempo as mulheres devem esperar pela liberdade?”

Embora permanecessem paradas e em silêncio, a vigília que fizeram foi ridicularizada e elas sofreram abuso por parte das multidões que se reuniam para insultá-las. Ao final das contas, as mulheres foram presas por obstruir o tráfego na calçada. Na prisão, as sufragistas foram submetidas a alimentação forçada e humilhação. Depois que foram colocadas em liberdade, muitas delas retornaram imediatamente à Casa Branca para protestar.

Nos jornais, relatos do tratamento dispensado às sufragistas começaram a influenciar a opinião pública. “Os americanos não achavam que as mulheres deviam ser tratadas dessa maneira”, disse Mary Walton. “Eles também reconheceram sua coragem e reconheceram que elas não abandonariam a luta pelo voto. Uma onda de simpatia começou a se desenvolver em favor delas.”

O protesto das Sentinelas Silenciosas durou dois anos e quatro meses. Terminou em 1919, no dia em que tanto o Senado quanto a Câmara dos Deputados aprovaram a 19ª emenda à Constituição dos EUA, dando às mulheres o direito de votar no ano seguinte.

De acordo com Mary Walton, “a lição é: não dá para simplesmente desistir. Basta continuar seguindo em frente”.

As mulheres iranianas também não mostram sinais de que vão desistir. Para sua própria segurança, a ativista iraniana Masih Alinejad trabalha de fora de seu país natal com o intuito de acabar com a obrigatoriedade de usar o hijab. Seu movimento on-line, My Stealthy Freedom* (Minha Liberdade Encoberta, em tradução livre), publica imagens de mulheres iranianas que não usam hijab.

“As autoridades estão de olho em mim, e em minha campanha, porque sabem o quão poderoso é o protesto das mulheres comuns”, disse Masih ao The Guardian, um jornal diário britânico. “Somos como as sufragistas. Estamos correndo o risco de violar a lei por algo que absolutamente sabemos que é certo”.

Tuíte: Recebemos um grande número de mensagens de alunos para a campanha “Quartas-feiras brancas”. Nossa luta não tem apenas o objetivo de mudar a lei. Nossa luta tem como meta mudar a cultura vigente baseada na compulsão. @masihpooyan #NoForcedHijab #WhiteWednesdays

* site em inglês e persa