Vizinhos da Ucrânia oferecem rotas para exportação de grãos

À medida que a Rússia continua a atacar portos e silos da Ucrânia, países vizinhos intensificam esforços para entregar mais grãos da Ucrânia a mercados mundiais.

Depois que a Rússia abandonou um acordo da ONU que movimentava cerca de 33 milhões de toneladas* de exportações agrícolas através do Mar Negro, os governos da Romênia e da Moldávia ofereceram outras rotas para a Ucrânia exportar seus grãos e alimentos.

“Esperamos que mais de 60% do volume total* das exportações de cereais da Ucrânia transitem pela Romênia”, disse o primeiro-ministro romeno, Marcel Ciolacu, em 18 de agosto.

Vista aérea mostrando caminhões de carga pesada (trucados) alinhados ao lado de rodovias (© Ionut Iordachescu/AFP/Getty Images)
Foto aérea de uma fila de 4 km de caminhões de transporte de grãos esperando para entrar nos terminais de grãos no porto de Constanta, na Romênia, em 31 de julho (© Ionut Iordachescu/AFP/Getty Images)

Ciolacu afirmou que a Romênia está tentando melhorar a sua infraestrutura de ligação ferroviária, rodoviária, fluvial e marítima, bem como nas passagens fronteiriças, a fim de ajudar a enviar mais cereais ucranianos.

A Moldávia tem esforços semelhantes em andamento. A presidente da Moldávia, Maia Sandu, disse que seu país está negociando com a Ucrânia, a Romênia e a Comissão Europeia “sobre como incluir os interesses de agricultores moldavos e garantir o trânsito de grãos da Ucrânia*”.

No início de agosto, representantes da Ucrânia, Romênia, Moldávia, Estados Unidos e União Europeia se reuniram na Romênia visando afirmar seu compromisso em acelerar as exportações de grãos da Ucrânia**.

A Rússia continua a ofensiva

Desde que a Rússia encerrou sua participação no acordo de grãos da ONU, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia informa que os ataques russos aos portos destruíram mais de 270 mil toneladas de grãos*.

Um ataque recente teve como alvo 13 mil toneladas de grãos ucranianos destinados a alimentar pessoas no Egito e na Romênia.

Foto em preto e branco de mãos segurando tigela com imagem colorida da Terra dentro dela, ao lado de texto sobre grãos destruídos pelos ataques de Putin à Ucrânia (Gráfico: Depto. de Estado/M. Gregory. Imagem: © mantinov/Shutterstock.com)
(Depto. de Estado/M. Gregory)

Líderes mundiais, incluindo o papa Francisco, apelaram à Rússia para que volte a aderir novamente à Iniciativa Grãos do Mar Negro.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu o acordo como “uma tábua de salvação para a segurança alimentar global* e uma luz de esperança em um mundo conturbado”.

O acordo, mediado pela ONU e pela Turquia em julho de 2022, contribuiu para o envio de grãos para o mundo inteiro. Quase 19 milhões de toneladas foram para países em desenvolvimento.

A Iniciativa também forneceu grãos para alguns dos países com maior insegurança alimentar do mundo, incluindo Iêmen, Etiópia, Somália e Afeganistão.

A China foi a maior beneficiária, adquirindo quase 8 milhões de toneladas de exportações agrícolas no âmbito do acordo de grãos. Dentre outros beneficiários estão o Egito, a Índia, a Indonésia, o Quênia e a Tunísia.

Embora as rotas ferroviárias, rodoviárias e fluviais para exportação sejam alternativas valiosas visando ajudar a evitar o aumento dos preços dos alimentos, os portos de águas profundas da Ucrânia são os mais eficientes e econômicos.

Fila de mulheres de burca com bebês e crianças pequenas (© Ebrahim Noroozi/AP)
Com a Iniciativa Grãos do Mar Negro, grãos ucranianos chegaram a pessoas necessitadas em todo o mundo, inclusive no Afeganistão. Acima, mães com seus bebês, que sofrem de desnutrição, aguardam para receber ajuda em uma clínica do Programa Mundial de Alimentação em janeiro (© Ebrahim Noroozi/AP)

A Iniciativa Grãos do Mar Negro também forneceu grãos ucranianos para o Programa Mundial de Alimentação da ONU, a maior organização humanitária do mundo de combate à fome.

Em vez de apoiar as necessidades alimentares globais, a Rússia opta por continuar a atacar o abastecimento alimentar mundial.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, declarou: “Enquanto a Ucrânia inspira o mundo com sua resiliência, a Rússia a condena à fome.”

* site em inglês
** site em inglês e ucraniano