Você usa GPS? Agradeça a esta mulher

Se você confia em um dispositivo de GPS (Sistema de Posicionamento Global) para guiá-lo por entre estradas desconhecidas, agradeça a Gladys West por isso.

Gladys, 87, é matemática aposentada e mora no nordeste da Virgínia. A Marinha dos EUA, que é onde trabalhava anteriormente, atribui a ela o crédito de ter desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento da tecnologia GPS.

Mulher de pé e na frente de um homem (© Mike Morones/The Free Lance-Star)
Gladys West e seu marido, Ira West, na casa onde moram (© Mike Morones/The Free Lance-Star)

De 1956 até sua aposentadoria em 1998, Gladys trabalhou com uma equipe de engenheiros em uma base da Marinha em Dahlgren, Virgínia. Ela gravava as localizações de satélites e fazia cálculos matemáticos complexos que levaram a um sistema notavelmente preciso de identificação de posições geográficas.

Suas contribuições foram recentemente elogiadas por sua companheira de irmandade da faculdade, Gwendolyn James.

Gwendolyn, integrante da irmandade Alpha Kappa Alpha, conheceu o trabalho inovador de Gladys através de uma curta declaração autobiográfica que Gladys apresentou antes de um evento da irmandade.

Gwendolyn alertou a Associated Press, e agora Gladys está desfrutando de um reconhecimento há muito merecido por seu papel como pioneira.

“A história dela é incrível”, disse Gwendolyn à Associated Press. “O GPS mudou a vida de todos para sempre. Não há um segmento desta sociedade global — Exército, indústria automobilística, indústria de telefonia celular, mídias sociais, pais, Nasa, etc. — que não utilize o Sistema de Posicionamento Global.”

Gladys estudou na Universidade Estadual da Virgínia com uma bolsa de estudos integral e trabalhou como professora de Matemática por dois anos antes de obter um mestrado. Quando foi contratada pela base naval em 1956, ela era uma dentre apenas quatro funcionárias afro-americanas no local.

Homem e mulher olham para mapas posicionados sobre uma mesa (Marinha dos EUA)
Gladys West fazendo a revisão de dados na Divisão de Dahlgren do Centro de Guerra de Superfície Naval em 1985 (Marinha dos EUA)

Em entrevista ao ShareAmerica, Gladys recordou seus primeiros projetos de dados por satélite e disse que gostava de trabalhar com engenheiros e cientistas nos anos 1950 e 1960 porque “eles estavam lidando com problemas reais que nosso país enfrentava”. Seus colegas de trabalho, disse ela, “eram especialistas em suas áreas e podiam identificar o que era necessário para o futuro”.

As conquistas de Gladys foram reconhecidas por Godfrey Weekes, capitão da Marinha dos EUA, ex-oficial da Divisão de Dahlgren do Centro de Guerra de Superfície Naval, em uma mensagem que ele escreveu por ocasião do Mês da História do Negro Americano em 2017.

“Ela galgou posições hierárquicas, trabalhou na geodésia de satélite (ciência que mede o tamanho e o formato da Terra) e contribuiu para a precisão do GPS e a medição dos dados de satélite”, escreveu ele. “Assim que Gladys West iniciou sua carreira como matemática em Dahlgren em 1956, ela provavelmente não tinha ideia de que seu trabalho iria impactar o mundo pelas próximas décadas.”

Gladys permanece ativa mesmo aposentada. Em 2000, ela obteve seu doutorado em Administração Pública pelo Instituto Politécnico da Virgínia, conhecido como Virginia Tech, e agora está escrevendo um livro de memórias.

O que lhe causa admiração é o fato de a tecnologia que ajudou a criar ser usada em todo o planeta. “É incrível como a tecnologia GPS mudou a forma de pensar e as capacidades do mundo, especialmente em viagens”, disse ela. Mas admite que ela e seu marido estão se adaptando ao uso do GPS em seus próprios carros.